quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Fala do Homem Nascido



GALRITO
(José Niza/António Gedeão - Desculpem o Vesgo, mas o original não se encontra no YouTube)

Venho da terra assombrada
Do ventre de minha mãe
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém

Só quero o que me é devido
Por me trazerem aqui
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci

Trago boca para comer
E olhos para desejar
Tenho pressa de viver
Que a vida é água a correr

Venho do fundo do tempo
Não tenho tempo a perder
Minha barca aparelhada
Solta rumo ao norte
Meu desejo é passaporte
Para a fronteira fechada

Não há ventos que não prestem
Nem marés que não convenham
Nem forças que me molestem
Correntes que me detenham

Quero eu e a natureza
Que a natureza sou eu
E as forças da natureza
Nunca ninguém as venceu

Com licença com licença
Que a barca se fez ao mar
Não há poder que me vença
Mesmo morto hei-de passar
Com licença com licença
Com rumo à estrela polar

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