sábado, 23 de maio de 2009

A Educação Sexual nas Escolas

Abordar a sexualidade na escola não é fácil. Devia sê-lo, mas não é.
Falar de sexualidade é difícil porque imaginamos sempre coisas associadas a ela que nos levam a ficar com vergonha.
Se calhar é por isso que muitos professores não estão à vontade para falar no assunto.
Frequentemente, os jovens acham que aprendem muito mais a falar com os amigos e os colegas sobre os temas que se relacionam com a sexualidade do que na escola.
Falam principalmente dos perigos das doenças sexualmente transmissíveis, dos métodos contraceptivos e pouco mais.
Porém, ocultam nas suas opiniões o que por vezes é mais importante: Satisfazer a curiosidade, questionar sobre se determinados comportamentos são considerados "estranhos" ou se "faz mal à saúde" praticar determinado tipo de sexo.
A educação sexual nas escolas, paradoxalmente, é ainda um tema não suficientemente divulgado o que é algo preocupante tendo em conta que Portugal é o país da União Europeia com maior número de mães menores de idade.
Apesar de ter uma importante função preventiva, a educação sexual não devia cumprir um papel meramente informativo.
E o erro está aqui, ao continuar a achar-se que a informação é o mais importante.
Não é, porque os adolescentes possuem muitas vezes a informação e não a usam.
O mais importante é o desenvolvimento do indivíduo no respeito por si próprio e pelo outro. Assim, é fundamental que a escola, desde a pré-primária à universidade, defina com coerência os objectivos que pretende atingir.
Sucede que as escolas não têm os objectivos bem definidos e os professores tendem a actuar de forma isolada.
Assim, como é possível aos alunos sentirem-se inseridos num determinado contexto, quando não há uma identidade própria ou uma estratégia concertada?
A formação de professores é uma das áreas mais importantes para o sucesso dessa estratégia. Uma necessidade premente, demonstrada, nomeadamente, pelo crescente número de pedidos que algumas associações têm vindo a receber para formação ou apoio a projectos de educação sexual nas escolas, inclusivamente nos estabelecimentos do 1º ciclo do ensino básico, embora nestes com menos frequência.
Paralelamente a estas acções, também as escolas superiores de Educação e as universidades têm vindo a ser solicitadas por quem de direito no sentido de incluírem temas de educação sexual e Formação pessoal e Social nos currículos dos diversos cursos, quer no que respeita à formação inicial, quer à formação contínua.
Mas não devem ser apenas os professores os alvos destas acções de sensibilização e formação.
Os encarregados de educação, enquanto actores centrais no processo de aprendizagem e da formação pessoal dos jovens, são também eles confrontados com situações às quais não sabem, por vezes, como reagir, questionando-se frequentemente de que forma podem ajudar os filhos.


Bibliografia:
Jorge Costa, Ricardo, “A Sexualidade na Escola”, Jornal A Página, Ano 9, nº 89, Março 2000, Pág. 17

2 comentários:

candida disse...

na minha opinião, seria muito mais correcto falar-se de educação para a saude e todos os professores deveriam ter formação nessa área , pois o tema, quer queiramos quer não, é delicado. além disso, os objectivos e conteúdos devem estar explicitados de forma bem clara.

Jaime Dinis disse...

Obrigado pelo seu comentário.
É essa a minha opinião também.
Acrescento só "Educação para a saúde e para os afectos" porque, não obstante as duas vertentes estarem cada vez mais ligadas cientificamente, ainda existe paralelismo entre ambas.
Cumprimentos,